No início tudo é belo e perfeito,
tudo faz sentido. Partilham-se alegrias e muito poucas tristezas. Não se
reconhecem defeitos e apenas se veem virtudes. Surpresa para aqui, loucura para
ali, fazem-se planos, partilham-se sonhos. Sentimo-nos felizes, diferentes,
amados e acarinhados, cedemos e não contrariamos. Deixamos de parte as nossas
convicções, as nossas ideias, os nossos pensamentos, porque apenas queremos
agradar, queremos ser o que o outro quer que nós sejamos e temos medo de perder
todo aquele momento mágico e perfeito, mas ilusório. É a paixão, aquele
sentimento de ilusão que tudo é e será sempre perfeito, que nada poderá correr
mal e que tudo se manterá como no início.
Com o passar do tempo tudo muda,
a ilusão transforma-se em realidade, o mágico e perfeito são agora pequenas
lembranças e as nossas máscaras começam a cair. Descobrem-se defeitos e
feitios, e é, nesse momento, que surge o Amor, esse sentimento que nos capacita a
aceitar a diferença, o defeito e o feitio.
Amar é lutar, é ver defeitos e
aceitá-los, é ceder. É perceber que, na relação, nada será perfeito, mas valerá
sempre apena. É saber que existirão divergências e discussões, mas que serão
ultrapassadas com comunicação. É compreender que vão existir muitos dias
tristes, mas serão muito mais os dias felizes.
Amar é não deixar acomodar, é
preservar, valorizar, respeitar, é manter e cuidar.
Difícil não é apaixonarmo-nos,
difícil é amar.
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